A importância da 'conquista' do Everest para o imperialismo britânico
- Negritude Outdoor
- 18 de jun. de 2024
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Em 2 de junho de 1953, há 70 anos, dois fatos receberam notoriedade no mundo, a primeira coroação televisionada - da recém finada Rainha Elizabeth II -, e a conquista britânica do Everest.
A suntuosidade dos eventos serviam em favor do Império Britânico, posto seu enfraquecimento hegemônico pós-2ª GM, e o desgaste da imagem da coroa, diante da abdicação escandalosa e a sucessão do “Rei Gago”.
Esse contexto nos leva a entender questões relevantes que relacionam a escalada da maior montanha do mundo e um império cuja capital está a milhares de quilômetros dali.
Já conhecida, a história do Everest é datada de 1865, quando lhe é atribuído seu nome inglês, homenagem ao S. G. Everest - geógrafo que serviu à Índia Britânica na demarcação dos seus territórios -; uma espécie de uti possidetis às avessas dos britânicos como forma de esgarçar seus territórios em regiões controversas da cadeia do Himalaia. Foi nesse contexto que o Everest (Sagarmatha) foi colocado no horizonte do mundo ocidental.
Sua primeira ascensão em uníssono a coroação da nova Rainha, serve tanto para suprir o enfraquecimento e necessidade de renovação da Coroa no âmbito global, quanto nas tensões territoriais da própria cordilheira entre Índia, Paquistão e China. Não obstante, é nítido o intento de fortalecer a consciência nacional britânica, elemento importante da consolidação da nação moderna.
Atribuir a conquista do Everest como uma joia da coroa, consistiu no ato de esticar o manto imperial até as cordilheiras do Himalaia por intermédio de uma narrativa de superioridade. Nota-se que nada é um acaso. A relação Coroa e Montanha corresponde a uma cultura de dominação e apagamento que a todo momento passa despercebida. O que está em disputa é a consolidação da superioridade de submeter outras nações aos seus auspícios.
A cultura do imperialismo, no caso, está difusa para efetiva dominação e ocupação de territórios. Compreender as lógicas adjacentes às narrativas do montanhismo é uma forma de permitir, por intermédio da adoção da lógica do contraponto, ler e interpretar cânones com a finalidade de criar narrativas novas ou alternativas sobre nosso esporte.
Artigo de João Ricardo da Costa @joaoricardocg
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