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Uma vivência negra na Serra da Cantareira...

Subir a Serra da Cantareira com o Negritude Outdoor não foi apenas mais um rolê de domingo. Foi um reencontro. Um respiro. Uma afirmação viva de pertença a todos os espaços — inclusive (e especialmente) à natureza.

 

Logo cedo a gente já se reuniu. Velhas e novas irmandades se conectavam, a energia se movimentava com a sensação boa de quem sabe que está prestes a viver algo forte. Cada sorriso, cada cumprimento, era como se dissesse: "tô com você...".

 

Agora era sentir... o vento, as folhas, nossos passos e nossas conexões. Cada subida puxava da gente um pouco de resistência e devolvia ancestralidade. A mata reconheceu nossos corpos e espíritos. A brisa tocava nossos rostos como quem acolhe de volta filhas e filhos. 

 

No meio do caminho, o cansaço bateu, mas a força do grupo empurrou. Não era só uma caminhada — era um aquilombamento em movimento. Não precisávamos explicar nada, porque tudo ali era comum: as peles brilhando em variados tons de melanina sob o sol, as conversas atravessadas por risadas, histórias e reflexões legítimas sobre o que é ser negritude em uma sociedade que ainda insiste em nos oprimir e infligir dor das mais variadas formas, até quando enxergamos poucos dos nossos em um espaço que deveria estar sendo visitado por todos/todas. 

 

Ah, mas só o ingresso cobrado pelo parque é 60 reais... 60 reais por pessoa pra andar na natureza em um parque urbano que mal fala sobre as suas conexões e raízes culturais para os visitantes... a linha de corte é real. Apagamento e afastamento são sim cobrados em terras que nunca deixaram de ser coloniais!

 

Ainda assim, quando alcançamos a Pedra Grande, a vista se abriu, a cidade lá embaixo parecia distante — e era mesmo, era só uma cicatriz acima de onde tudo já foi mata e lar de povos originários. Cicatriz de um maquinário de concreto que mói sonhos e vidas diariamente em benefício de uns poucos com privilégios, nem que seja apenas o de pagar 60 reais toda semana pra entrar numa trilha e fazer cooper ou pedalar. Mas sabemos que é sobre mais que isso, muito mais...


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Só que ali em cima, éramos nós, cada um de nós uma prova viva da vitória de nossos ancestrais, e a isso somos gratas e gratos. Ali no alto, não havia dúvida: somos parte da natureza. Fomos feitos dela. E estar ali, em grupo, negros e conscientes era um ato político. Um resgate espiritual. Um retorno ao quilombo, e mais que tudo, uma prova de afeto, de cuidado.

 

Voltamos com os pés doídos, mas a alma leve. Cada passo dado na trilha foi também um passo contra o apagamento, um passo em direção à memória, à cura, ao coletivo.

 

Negritude Outdoor é mais que um projeto. É um chamado. É sobre caminhar junto, é sobre cuidar, é sobre se permitir existir em plenitude — negra, ancestral, e viva.

 

Axé pra quem colou. E pra quem ainda vai colar: vem com a gente, porque a caminhada negra continua. Manda uma mensagem pra gente se você quer ir nos próximos! Fala tu...

 

Curtiu essa vivência e o relato, então considere ajudar a manter viva essa rede de afeto e resistência na natureza contribuindo com nosso trabalho clicando aqui.

 

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