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A identidade excludente dos esportes outdoor

Convido vocês a fazer um exercício simples: pensem na imagem de alguém praticando uma atividade outdoor ou lembrem-se da última imagem de propaganda que viram sobre o tema.


Certamente, muitas pessoas vão recorrer à imagem de um surfista deslizando em ondas precisamente côncavas, ou de um praticante de caiaque descendo um rio caudaloso, ou, não obstante, um escalador exposto a um penhasco de costas ao vazio lutando contra a gravidade.


Todas as imagens pensadas, revelam a identidade particular do mundo dos esportes de aventura. O exercício revela que em comum o imagético dos esportes outdoor é composto por homens brancos, demonstrando sua máxima expertise naquilo que praticam, túrgidos por uma sensação de liberdade absoluta, fazendo algo que poucos fariam, um privilégio daqueles que foram arrebatados por um ímpeto atávico de se lançar àquela aventura hercúlea.


A imagem descrita não é um acaso, revela uma lógica cruel de apagamento e exclusão, centralizada somente em uma forma legítima de se relacionar com o mundo outdoor. A liberdade absoluta, o ímpeto atávico e a relação vazia com a origem do esporte e o lugar em que se pratica, são paradigmas dos esportes de aventura que distorcem as realidades adjacentes a sua prática.


O surf, por exemplo, é um esporte oriundo de uma cultura negra e o grandioso mercado gerado por sua prática pouco se recorda de sua origem, são pouquíssimos os atletas negros de destaque; o mesmo ocorre no caiaque, olvida-se o fato de terem sido inventados por populações indígenas; em caso semelhante, o mesmo ocorre com o montanhismo, que oblitera a prática do montanhismo por povos andinos, muito antes dos franceses e ingleses, que exercem a centralidade sobre toda a identidade do montanhismo no mundo.


Os casos apresentados não são questões únicas, mas que em relação à centralidade da figura pensada no exercício inicial, demonstram o predomínio da imagem do praticante branco, livre para surfar, navegar e escalar, um aspecto comum nas atuais práticas desportivas de aventura.


Baixe o artigo completo, de João Ricardo da Costa @joaoricardocg , neste link!

 
 
 

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